SOU O PRIMEIRO DE NOVE
Extraído de uma passagem futura, de um
futuro capitulo, de uma Aventura Secreta.
O jovem estava no limite,
ferido e cansado, colocou toda a força que lhe restava em sua agilidade e
correu, correu muito, pois sua vida dependia disso. Uma horda de abissais o
perseguia, cheios de fúria e determinação, capturar aquele elverin significava
mais um passo para subir e conquistar a tão sonhada superfície.
A ponta oeste da floresta de
Xal-Caroth estava próxima lá estaria seguro e renovaria suas forças com a
energia da floresta, mas como ultimo obstáculo teria de passar pelas garras de
pedra, varias rochas com formato de garras que pareciam ter emergido do subsolo, como se o continente estivesse preparado para atacar uma criatura titânica vinda do céu, e mais cem metros de campo aberto. Ilendil sabia que correr entre as pedras o
faria perder a vantagem que conquistou, pois as criaturas usariam a as
formações verticais para movimentação e ataques aéreos, mas não podia contornar, pois suas pernas ardiam assim como sua garganta sofrendo com o ar quente dos pulmões,
não tinha escolha, correria entre as garras.
As criaturas continuavam sem
perder o passo, estavam descansadas e com sede de sangue, ver seus iguais no
chão e sem vida, em uma luta que havia ocorrido a pouco só aumentou a raiva daqueles
monstros. O líder da horda, Suturkai, um abissal de três metros de altura, pele
verde escura e tentáculos nas costas, bradou ordens para seus subordinados.
- As pedras! Façam esse
lugar o tumulo dessa criança desgraçada, sujem tudo com seu sangue imundo. Vhangorn
corredores, apressem o passo e conquistem os flancos, deixem aquele verme sem
saída.
Trinta bestas deixaram da
formação, quadrúpedes de tronco esguio com cauda longa, um único olho negro na
face superior da cabeça piramidal, corpo apinhado de escamas metálicas,
espinhos na coluna, um par de grandes espetos que brotavam dos ombros e cresciam
mais longos que a cabeça. Rugiram em uníssono, a cabeça se abriu em três
partes, três mandíbulas e uma língua escura no meio. Dois grupos se formaram e
correram três vezes mais rápido para as garras de pedra.
- Todos que estiverem
montados, façam sua montaria sangrar! CORRAM! Seus desgraçados - O açoite estalou
na pata traseira da montaria - Mesmo se não conseguirmos... Temos uma surpresa
esperando por ele.
Alguns metros separavam a
primeira garra rochosa de Ilendil que apertava os dentes suportando a dor,
junto com seus companheiros usou muita energia em uma batalha que era apenas
uma distração e agora separados, estava só e preocupado. Os corredores já
estavam próximos mais do que ele havia previsto e pelos rugidos que escutou sabia
que os abissais montados aumentaram o passo - Sua voz saiu mais baixa.
Ilendil continuava sem perde o passo, pensava em alguma estrategia.
- Eu preciso manter as
rochas sempre me protegendo de um lado - pensou ele - menos chances de ser
atacado, tenho de ficar o mais próximo possível delas, eles vão ter de
desacelerar para atacar, usarei minha ultima reserva de energia para a corrida
depois dessas rochas.
Os Vhangorns alcançaram as
rochas, uns continuaram no solo, desviando das garras, enquanto outros pulavam
de rocha em rocha e eventualmente caiam no chão. Ilendil manteve a direita
resguardada, o grupo da direita estava mais adiantado. Passou pela quinta
rocha e ouviu um rosnado muito perto em sua esquerda, um corredor pulou em
ataque, por pouco não foi bem sucedido, o elverin correu para a esquerda
deixando o inimigo para trás, recebeu em seguida um ataque pelo lado oposto e
ouviu o bater dos dentes centímetros atrás. As criaturas eram tão rápidas que estavam
errado o tempo de ataque, por estarem atentas aos obstáculos, o que não aconteceria
mais.
Os metros passavam rápido e
logo todo o grupo de corredores estava próximo, havia pelo menos quinze deles
logo atrás de Ilendil, eram atrapalhados pelo terreno que os comprimia. Outros
corredores conquistaram a dianteira, ele estava cercado.
- Eu vou morrer - as
palavras ecoaram em sua mente - Se eu parar eu não vou conseguir lutar - Ele
checou um dos bolsos de seu cinto - Tenho apenas uma esfera de sementes, tenho
de achar o momento perfeito para usar.
Ilendil já sabia quantas
garras faltavam até o final, não podia correr sem fazer nenhuma ação que
atrapalhasse o grupo, um Vhangorn deu uma guinada aproximando-se a direita do
elverin, nesse momento ele viu uma janela de oportunidade. Guinou para a esquerda
de encontro com o corredor, os outros seguiram a movimentação, Ilendil gritou
em desafio a criatura rugiu em resposta e não viu a garra logo a frente,
explodindo em sangue negro. O jovem continuou por aquele caminho, aproveitando
a abertura na formação, aqueles que estavam mais a frente tiverem de dar meia
volta e os Vhangorns que estavam atrás ficaram ainda mais próximos uns dos
outros por causa da manobra, foi o momento certo para arremessar a esfera de
sementes.
A bolota rolou pelas escamas
do primeiro monstro e cresceu como sempre faz. Cipós, raízes, galhos, musgo e
uma sorte de flora explodiu em crescimento agarrando vários corredores da
dianteira e atrapalhando os demais. Ilendil agora corria por fora da área das
garras de rocha, mantendo o flanco esquerdo protegido daqueles que sobraram, o
cheiro da floresta estava mais forte do que nunca, passou pela ultima rocha,
uma centena de metros de campo aberto o separava de Xal-Caroth e essa era a
hora de usar a última reserva de energia da espada, segurou com força a empunhadura,
sentido as ataduras de couro e um veio de energia formigando o seu braço,
sentiu alivio nas pernas. Os vhangorns estavam passos atrás do elverin, o
primeiro deles raspou a ponta do focinho na bota do elverin, mas foi tarde
demais, as árvores passavam pelos lados e o elverin sumiu com sua magia de
esconder-se no tronco das árvores. Os monstros não adentraram a floresta, rosnaram frustrados, deram meia volta para reagrupar.
Ilendil ficou quieto dentro
do tronco da árvore, todo o corpo tremia, estava exausto, mas já recuperando as
energias com o apoio da floresta, passou muito tempo no mesmo local.
- Desgraçados... Imagino que
não vão demorar muito para encher essa floresta com a presença amaldiçoada
deles... Quase me mataram, fui muito sortudo agora, espero... - Um odor podre
cessou seus pensamentos - Mas o que é isso? Que cheiro é esse?
O odor era insuportável, o mesmo
cheiro dos abissais, mas dessa vez era algo sem precedentes, algo grande, um
tremor fez ele esquecer o cheiro. Árvores foram arrancadas e destruídas, algum
abissal fazia uma clareira ali, Ilendil sentiu a dor da floresta e deixou rapidamente
seu esconderijo não precisou correr muito até ver um abissal gigante, vinte metros
de altura entre tocos da floresta maculada. Cabeça alongada para trás e para cima,
placa facial triangular feita com varias camadas de metal com abertura para os
dois pares de olhos vermelhos, mandíbula maior que o maxilar com arcada dentaria
inferior externa cheia de dentes imensos, internamente duas arcadas dentarias,
superiores e inferiores, tórax largo e crescimento anormal de todos os ossos do
tronco, aparentes na pele formando uma espécie de armadura óssea, todas as
juntas saiam da pele formando calos ósseos, dois pares de braços, o par
principal desproporcional ao corpo por ser muito maior, alem de extremamente
musculoso e um par menor vindo do que pareciam ser ombros secundários, pernas
mais curtas, uma criatura corcunda e curvada que corria com os braços e possuía
outros membros para apoio de locomoção e sustentação de seu corpanzil. Uma
criatura feita para destruir, que estava ali especialmente para Ilendil.
- Eu não acredito - Voz
retumbante - Estou aqui para isso? Me prometeram um guerreiro, ao invés de
disso tem uma criança aqui! Quem é você afinal? - Sua voz mostrava indiferença da
situação.
- Me chamo...
Um rugido inacreditável
silenciou a floresta.
- Não me interessa, inseto.
Não me faça perder tempo e MORRA DE UMA VEZ!
Outro rugido, maior que
antes interrompeu o ataque, seguido de bater de asas e rajadas de vento. O
gigante afastou-se, derrubado mais árvores, não por medo, mas sim para
compartilhar o espaço com a nova criatura que pousou com um estrondo. Um
dragão.
Um ser imenso, rivalizando
altura com o abissal, mas a cauda dava a vitoria ao dragão. Escamas escarlate externamente,
internamente vermelho fosco com bordas alaranjadas e uma linha de escamas
negras do fuço ao espeto da ponta da cauda, formavam uma crina ônix intercalada
com espinhos ósseos das vértebras, espinhos por todo o corpo, asas que cresciam
das escapulas com juntas fortes e musculatura avantajada para suportar o peso
do corpo largo do dragão, pescoço curto, comparado as outras raças um incrível
exemplar dos Wyrmir. Cabeça com três pares de chifres, uma deles crescia logo
após, onde são as sobrancelhas, curvam-se para fora apontando para frente, um
par menor que cresce no topo da cabeça e os maiores e mais grossos crescem
brotando da nuca, apontando para trás. Dentes que crescem tanto fora quando
dentro da boca e olhos incandescentes.
Ilendil estava entre eles,
um ser pequenino entre dois titãs, criaturas colossais e o pior de tudo é que o
jovem não sabia o que o dragão poderia fazer, pois com personalidades tão voláteis
era difícil ou quase impossível prever qualquer coisa.
- Agora eu estou entendendo,
você é o motivo de minha visita na superfície, nunca lutei contra um dragão. -
Falou animado.
- Não confunda as coisas,
criação deturpada - A voz do dragão era dura e pesada - Você não chega perto
daquele que for menos digno de um duelo contra mim eu estou aqui por um motivo.
- Olhou para o elverin.
- Olha o tamanho dessa
arrogância, o que eu soube era mesmo verdade! Não importa, temos objetivos em
comum então.
Ilendil quase desmaiou de
medo.
- Não! Seu verme e nunca
mais tente comparar qualquer coisa entre um Dragão e... - Olhou com escárnio -
Não importa, estou aqui simplesmente pela segurança da magia ancestral. -
Ilendil entendeu o recado correu para perto do dragão, já mais aliviado apontando
a arma, emanando energia, para o abissal.
- Então eu vou arrancar as
asas do seu corpo! - Atacando sem hesitar.
- CORRA ELEVERIN! -
Investindo rapidamente.
Ilendil sumiu entre as
árvores e o dragão segurou as duas mãos do abissal, ambos afastaram-se.
- Você é bem forte, faz
muito tempo que não encontro adversários para um combate de verdade.
- Você é bom, para um animal... - Labaredas saíram da boca do
dragão com o insulto - Façamos o seguinte, também aprecio uma boa luta e tenho
esse código... Me chamo Agrendort, mascara de metal, ossos inquebráveis, filho
de Jardort.
O dragão ficou surpreso com
a formalidade.
- Um guerreiro com código e apresentação
formal, pois bem Agrendort, eu sou Ferebrim, Olhos incandescentes, filho de Barpherenquor
o príncipe dos Wyrmir, primogênito dos nove e sucessor da realeza.
- Estou honrado em lutar
contra um nobre!
Agrendort partiu para o
ataque sem mais cerimônias, desferiu um soco acertando o dragão vermelho na
lateral da cabeça que aproveitou a pancada para girar e acertar a cauda no
abissal, usou o peso da cauda para girar ao contrario, ganhando velocidade e
atacando com as garras, deixando um arranhão superficial no ombro da criatura,
pois sua armadura óssea o protegeu. O abissal aproveitou a guarda baixa segurou
o braço que lhe arranhou a pouco e tentou jogar Ferebrim no chão, mas não conseguiu,
aproveitando o movimento se chocou contra o dragão, mordeu a pata que estava
segurando e dessa vez conseguiu jogar o primogênito no chão, o estrondo foi
alto, em seguida juntou as mãos e desferiu com golpe de cima para baixo,
Ferebrim abriu as asas e frustrou o movimento do gigante, mas dessa vez quem estava
de guarda baixa foi o abissal, a cauda do dragão foi rápida e entrou na axila
do braço secundário, o monstro rugiu de dor.
Sem perder tempo o dragão
jogou a cauda para trás, desenvolveu um semi-giro erguendo-se novamente. Pousou
uma mão no rosto e na lateral do abissal, fincou a cauda no chão, como ponto de
apoio, e o arremessou para fora da floresta, deu alguns passos, pulou e bateu
asas, saindo da clareira. Agrendort rolou no chão e ficou de pé rapidamente,
olhou para frente e viu Ferebrim de peitoral estufado, boca aberta e as glândulas
já espirrando os líquidos inflamáveis, misturando e queimando com o ar, o jato
de fogo foi direto no gigante e ficou ainda maior com o ar expelido em seguida,
envolvendo a criatura em fogo! O gigante mesmo envolto em chamas investiu
contra o dragão, socou a cabeça de baixo para cima, socou o abdome, o puxou
para socar as costas, a cauda investiu, mas dessa vez o abissal agarrou,
apertou com as duas mãos e girou para lados contrários, arrancando escamas e
quebrando espinhos osseos, dessa vez Ferebrim gritou de dor.
Ainda gritando mordeu a
cintura do abissal, que agüentou por alguns segundos e arremessou o seu
agressor, o local da mordida irrompeu em chamas, pois o primogênito injetou os combustíveis
na pele, um momento excruciante para a criatura que se batia para apagar as
chamas. Distraído não percebeu o dragão pular e cravar as garras nas costas de
Agrendort, as garras das patas dilaceravam da cintura para baixo enquanto a
cauda furava o local em chamas. Sem alternativas o gigante caiu para trás e
forçou seu peso contra Ferebrim, usando todos os braços, inclusive o que estava
machucado para socar e arrancar pedaços do dragão, cada soco abria a pele
queimada, ambos estavam lavados de sangue, ambos se distanciaram.
Os dois estavam bem
machucados, mas o gigante estava em carne viva e mesmo assim não cedia, sua
força imparavel assustava o dragão, esse é um dos grandes perigos dos abissais.
Ferebrim precisava vencer logo e já possuía um plano, que necessitaria de muita
força. Endireitou os ossos da ponta da cauda e investiu contra Agrendort, que
investiu ao mesmo tempo, Ferebrim inicious seu plano de ataque, espirrou a
mistura inflamável, por estar em movimento o combustível o envolveu em chamas,
o gigante hesitou com o dragão de fogo, tudo o que o dragão queria. Momentos
antes de se chocar desviou do abissal, a cauda chicoteou por baixo desequilibrado
o monstro, o primogênito pulou e colocou todo o peso contra seu inimigo,
derrubando-o, desferiu uma serie de golpes na cabeça, a placa facial caiu em
pedaços revelando uma criatura inconsciente, em seguida abriu as asas segurou
os braços de Agrendort e levantou vôo, não seguiu reto para cima, percorreu uma
leve parábola. A manobra só foi possível com o gigante aturdido, enquanto subia
soltou todo o liquido inflamável no corpo de seu inimigo. Uma cena que os
bardos mereciam cantar sobre, onde o primogênito dos nove erguia uma mostro tão
grande quanto ele aos céus enquanto queimava. Chegou no limite e apeou fechando
as asas, Ferebrim caiu mais rápido, aproveitou e enrolou a cauda no pescoço de
Agrendort impulsionando sua queda. O gigante recobrou a consciência e se
desesperou com sua situação de estar queimando e muito longe do solo, sufocando
com o aperto, suas mãos já estavam no meio do caminho para tentar livrar-se do
aperto da cauda quando o dragão o soltou.
No ultimo momento Ferebrim
desenrolou a cauda, e abriu as asas, convertendo a queda em vôo novamente, com
bastante esforço. Agrendort não apenas explodiu no chão, ele foi jogado direto
nas garras de rocha e perfuraram a carne e junto com o impacto colapsando tudo
o que havia dentro do ser abissal, a pele, mesmo grossa, foi fragilizada pelo
calor e rompeu órgãos totalemnte diferentes da anatomia dos seres da superfície
se espalharam pelo local.
De longe Ilendil viu tudo
aquilo, toda a batalha, ficou maravilhado e espantado com a selvageria de dois
seres imensos e nem eram os maiores que existiam entre os continentes, não
chegavam perto dos maiores. Ferebrim não pousou, continuou seu vôo para longe,
rugiu em despedida, sabia que o elverin estaria a salvo e seu dever foi
cumprido, ficou satisfeito com a luta, com seu adversário formidável, mas isso
o preocupou, se uma criatura com toda essa força veio da Cicatriz, o que mais poderia estar escondido lá em
baixo e essa mesma preocupação afligiu o jovem elverin, pois ele nada pôde
fazer alem de correr e se esconder, ele precisava ficar mais forte, encontrar
seus companheiros e encontrar a pedra de Ruskandr que foi capturada pelos
abissais. Ele se sentia menor do que já era por ser um elverin e dessa vez
estava com medo, medo que já não sentia a muito tempo.
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