O REGICIDA


O Rei pegou a coroa que estava caída, refletido no metal dourado e polido estava o semblante de um velho assustado, na verdade, horrorizado. Não parecia um rei, sem imponência ou respeito parecia um simples senhor de idade, um qualquer, assustado com coisas do dia a dia.

O reflexo ainda revelava mais coisas. No cômodo suntuoso a escuridão seguia o velho, acompanhando seu SOFRIMENTO estava o algoz, o regicida. Sem remorso ou culpa, o assassino caminhava mais alto que um rei, dentro do elmo a fúria, quem sabe o que aquele individuo passou para realizar tal ato, como uma pessoa tem a coragem de matar um rei? Será que é um humano?

No cômodo, vozes agonizantes sumiam a todo instante. Nobres derramavam suas entranhas pelo chão de granito polido pintando de vísceras e vermelho, cabeças terminavam de rolar, barões, gordos de uma vida desregrada agora lutavam por suas vidas... EM VÃO.

O Regicida caminhava lentamente para seu ultimo alvo que se arrastava no chão e parecia estar mais baixo que a terra. Sentia o peso daquele ser que o amedrontava. O velho arfava e arfava, exausto, parecia não sair do lugar não importava o quanto se arrastava a morte sempre estava perto.

Finalmente o som do metal das manoplas rangeu pelo salão, os dedos envolveram o cabo da espada negra que chiou quando desembainhada, as reverberações do metal ao chegarem aos cansados ouvidos do velho rei o fizeram parar de lutar.

O Rei ajoelhou-se perante o regicida, não para implorar, mas por sua dignidade e mesmo querendo não conseguiria, os tendões de seus pés foram cortados. Encarou os olhos do carrasco com bravura, lagrimas rolaram, um olhar triste e conformado, mas com coragem de fazer uma ultima coisa.

- Que Deus tenha piedade de você garoto, eu irei em paz para o reino dos céus, mas irei orar por sua alma pecadora eternizada no sofrimento incandescente do Inferno.

O Regicida soltou um som do fundo da garganta, podia ser uma risada ou um rosnado e falou, uma voz que parecia um trovão dentro de um barril.

- A oposição oferece trinta moedas de ouro por sua cabeça, Rei. Vinte foi o que aceitei, mas não para mim e sim para meus filhos e família, pois eles passam por dificuldades com esse seu "reinado". Tirar sua vida não é uma obrigação é na verdade um PRAZER. Esse elmo, eu guardei especialmente para o dia de sua morte, lembre o que ele representa., Lembre o ESTIGMA que ele representa.

O Rei fixou o olhar no elmo, pois até aquele momento ele não via detalhes apenas a morte e o horror manchou seu semblante, um horror visceral de algo que o marcou para todo sempre, de algo tão sórdido que a vergonha bloqueou da mente e agora o encolhia em pequenice, lagrimas encheram seu rosto.

- PERDÃO, POR FAVOR!!

- Vá perdão ao seu Deus, pois eu não seria capaz de tal ato.

A espada foi para o alto e desceu. A lamina decapitou o rei, o membro voou pelo salão e caiu na chama da lareira, contorceu a face, apertou os dentes, enquanto a pele derretia e os olhos estouravam. Um reinado que chegou ao fim.

O regicida tirou o elmo e uma única lagrima caiu.


- Finalmente...

Regicida por thomaswievegg


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