Mistérios da Meia noite - O Rapaz Misterioso


Os sons da mata a noite junto com o crepitar das chamas e o cheirinho de milho assado trazia enfim a festa de São João ao vilarejo embrenhado nas árvores amazônicas. A palhoça no terreno batido com traves grossas feitas de castanheiras e teto de palha, alguns bancos de madeira espalhados por ali, mesas com varias comidas e caldeirões de milho cozido, alguns casais dançando forró pé de serra, trabalhadores que vieram do nordeste, prostitutas locais e mulheres de bem. Genival Santana tocava sua sanfona e fazia a festa ficar animada, vindo do Recife junto com outros para ganhar dinheiro na Amazônia, mas seu pensamento foi de lucrar animando as festas e estava muito bem, ao seu lado um desconhecido qualquer que sabia tocar um triangulo completava o forró.

Por causa da concorrência com as prostitutas algumas moças de bem acabavam ficando sem par, pois os homens alem da dança queriam algo mais e muitos as dispensavam por não aceitarem ir para a cama com eles. Maria era uma dessas que estava animada com os visitantes vindos de outros estados, historias diferentes, o sotaque e a cor de pele ou do cabelo a deixava bastante curiosa, mas não menos recatada e decente, já havia recusado alguns convites, mas também conheceu outros homens que não propuseram nada demais alem de uma dança.

Estava ali sentada em um dos bancos de madeira, vestido branco na altura do joelho, mas com um pequeno corte na barra que mostrava um pouco de sua coxa grossa, cintura fina e seios fartos em um decote discreto, mas ainda assim provocante, cabelos negros com cheiro de umbu, uma morena de dar gosto de olhar e tomar nos braços. Estava sozinha naquele momento quando um rapaz apareceu.

Terno da cor azul pálido e bem alinhado, sapatos recém engraxados que refletiam o amarelão da fogueira, segurava um relógio de bolso dourado, rosto quadrado, barba aparada e um bigode bem cortado, cabelos curtos e um chapéu, Maria viu aquele homem e o comparou com um artista de cinema, estava encantada.

- Não é possível – guardando o relógio – Uma moça tão linda quanto à senhorita, sozinha nessa festa.

- Muito obrigado moço – escondendo a vermelhidão de seu rosto – E o senhor, tão bonito e também esta sozinho.

- HAHAHA! És uma mulher firme, sem medo de falar o que pensa, gosto disso. Estou só, por não achar um par decente, rameiras e oferecidas, mulheres que não se dão o valor.

- Essa é a festa delas seu moço, uma mulher boa como eu – olhou de canto de olho para ele – fica sem par se não for uma oferecida.

- Pois então levante, vamos dançar e mostrar para esses homens e essas mulheres nossa superioridade e principalmente sua beleza que é maior que qualquer por do Sol ou lua cheia.

Maria delirou com as palavras daquele rapaz, mas precisava se controlar.

- Uma dança não vai ter problema não é?

- Uma dança. – Disse ele com um sorriso no rosto.

Eles foram para a lateral da palhoça e começaram a dançar e logo chegaram ao meio do “salão”, pois eram de longe os melhores dançarinos ali, o sanfoneiro tratou logo de animar a musica e o forró comeu no centro. O que seria apenas uma, transformou-se em quatro, seis, oito danças e a madrugada já estava reinando. A musica agora era lenta, homens e prostitutas arrastaram seus parceiros e parceiras para os quartos, o sanfoneiro conversava com o homem da cerveja enquanto degustava a bebida, havia deixado outro pernambucano que também sabia manusear o instrumento musical em seu lugar. O rapaz conversava com Maria falando diretamente no ouvido e ela suspirava.

- Vamos ver a lua cheia refletida no rio? – Propôs ele.

Maria quase aceitou de primeira, hesitou um pouco, olhava para o rosto dele tentando ver algo mais, mas acabou ficando mais encantada.

- Vamos

O casal foi a passos rápidos para a margem do rio, que não era muito longe. A lua cheia brilhava forte no céu e fazia as águas do Amazonas cintilarem, ela já havia visto aquela cena, mas naquele dia estava muito mais bela. Algumas nuvens nublaram a lua e nesse momento o rapaz a envolveu com os braços, beijou-a no rosto algumas vezes, ganhando-a aos poucos até conseguir um beijo na boca fazendo a mulher se entregar por completo.  A mão direita alisando a coxa dela e depois apertou firme o bumbum arrancando um gemido baixo, a outra mão foi subindo pela barriga entrou pelo decote e envolveu o seio esquerdo, foi nessa hora que ela se deu conta que estava passando demais dos limites e tentou se livrar do abraço.

- Moço, me solte, por favor!

- Mas logo agora, na melhor parte morena.

- Não quero saber, me solte agora!

O rapaz a ignorou e continuou explorando seu corpo, por um momento ela se deixou novamente levar pela luxuria, até a mão dele começar a invadir a calcinha dela. Nessa hora Maria pisou forte no pé dele, fazendo-o perder um pouco da força do abraço e ela conseguiu soltar-se e mais rápido ainda ele agarrou o braço dela frustrando sua fuga, mas com um giro saiu do agarre e com a outra mão estapeou o rosto dele.

O chapéu caiu no chão e as nuvens saíram da frente da lua, iluminando o homem. No topo da testa um orifício respiratório, Maria que agora estava com um seio à mostra e cabelo despenteado ficou mais que surpresa, ficou apavorada. Ele sorriu e finos dentes pontiagudos também refletiram a lua.

- Não precisa ter medo, morena – Sua voz era gutural – Vai ser muito melhor se você quiser.

- Mas eu não quero!

- Então que seja ruim!

Rapidamente ele foi para perto dela e a arremessou no rio. Ela nadou até a superfície e o procurou, viu que ele estava no mesmo lugar, mas que começou a se despir. Seu corpo não possuía as divisórias musculares, nem ao menos o peitoral, totalmente liso, em suas costas uma pequena protuberância, a barbatana dorsal.

- Por favor, não chegue mais perto, me deixe em paz!

O rapaz pulou na água e foi na direção da moça, que por sua vez tentou nadar para fora da água, em vão. Ela sentiu uma pressão no tornozelo e fui puxada para baixo e ficou cara a cara com o... Monstro. Ele ainda estava basicamente o mesmo, só que agora sua pele estava um pouco rosada. Maria não conseguia se mover, o rapaz a abraçou e retirou o vestido, com cuidado para que não rasgasse, ambas as mãos segurando os seios dela, seu membro estava em riste e não demorou a penetra-la, inúmeras bolhas saíram da boca de Maria e ele continuou, quando ela já estava quase desmaiando sem ar ele foi para a superfície. O rapaz continuou, seus dentes batiam de prazer, ela o rejeitava com palavras, mas não com ações os dedos dos pés dela flexionavam e as mãos dela apertavam o corpo dele, desejos conflitantes para ela uma moça de dezenove anos.

Separaram-se um do outro quando acabou. Maria foi boiando para a margem, levada por uma força misteriosa, sua expressão era de espanto e nada mais, já ó rapaz estava inexpressivo distanciava-se cada vez mais para as profundezas do lago, seu corpo foi afundando e quando mais longe menos aparecia até ficar só do nariz para cima, olhando-a com olhos totalmente negros.

Maria estava nua as margens do amazonas, seu corpo molhado reluzia com o luar, estava desconsolada, mas no fundo extasiada com aquele prazer misterioso.

- Então é verdade...

A superfície do rio parecia um espelho, refletindo a lua e as árvores, totalmente parado, sem nenhuma perturbação até que um boto, um boto cor de rosa, bem maior do que normalmente seria, saltou das profundezas do amazonas. Os braços humanos ainda estavam ligando-se ao corpo do animal aquático e o bico do boto ainda crescia era uma mistura de rosto humano e animal, algo extremamente grotesco, uma metamorfose que não havia sido completada, caiu de volta na água e saltou novamente, dessa vez, mostrou uma forma totalmente animal, sumindo rio acima.

Boto cor de rosa




Comentários

Postagens mais visitadas