DESCUIDO
Helênia arregalou os olhos
que arderam com a claridade do ambiente encheram-se de lagrimas. Soltou um
grito quase como um rosnado, as persianas caíram bloqueando o Sol, visão estava
embaçada e por isso não conseguia distinguir nada do cômodo apenas manchas no
teto, estava com uma sensação familiar por todo o corpo, relaxada, mãos e pés
formigavam, era como se estivesse afundando na cama.
Tateou o local, estava
deitada em uma cama, lençóis de seda falsa cheiravam a cigarro, imaginou que
fosse um hotel, a outra mão tateou o chão perto da cama até sentir algo com os
dedos, esticou o braço para tentar agarrar o objeto e tomou um susto ao sentir
uma mão fria no chão. Por causa do susto seus olhos ganharam foco e a primeira
coisa que viu foi o ventilador de teto girando lento e pintado de vermelho e o cômodo
inteiro estava manchado, cheio de pontos e riscos vermelhos o cheiro metálico
chegou aos pulmões dela.
Sentou na cama e olhou para
as mãos e o corpo, estava seminua e um hematoma de mordida no seio esquerdo,
sangue embaixo das unhas, as pontas dos cabelos também vermelha, viu sua jeans na
ponta da cama com uma "perna" quase que completamente vermelha, olhou
um pouco mais adiante e viu mais um corpo.
Ficou em pé na cama, o chão totalmente escarlate ensopado, ainda havia uma poça no canto. Cinco corpos, dois homens e três
mulheres, com rasgos no pescoço, cortes no pulso que se estendiam até a dobra
do cotovelo, entre 26 e 30 anos, olhos virados e sem vida, pálidos como ossos,
nos moveis havia seringas, cachimbos de crack, restos de cocaína e garrafas
vazias.
- Mas que merda do caralho
aconteceu aqui, a droga fez efeito em mim? Como eu perdi o controle desse jeito,
porra - Olhou para o espelho na frente da cama e viu seus lábios com filetes de
sangue seco assim como em varias partes do corpo - Vou me limpar e deixar esse
problema para outro.
Virou-se para ir ao banheiro
e viu na porta um homem. Capuz cobrindo o rosto deixando apenas os lábios a mostra, barba
por fazer, usava um colete cinza, nas mãos luvas negras e segurava uma estaca de madeira com
varias cabeças de prego, para entrar rasgando, outras armas e um
livro presos em um cinto, calça escura e botas.
- Mas que merda... Morrer
para um caçador por causa de um descuido desses é foda... - A mulher falou balançando a cabeça sem acreditar em nada daquilo.
- Calma meu amor, vamos
conversar primeiro - Sotaque carregado sugerindo ser de outro país, ele jogou uma blusa para ela - Não sinto tesão por peitos
de vampiras, mesmo os seus sendo uma beleza - Olhando por debaixo do capuz - Enfim, sabe o que aconteceu aqui?
- Perdi o controle na hora
da festinha e matei todos, 47 anos sem atacar ninguém... Agora, já era. O pior
que eu não faço ideia de como uma coisa dessas foi acontecer, vampiros nunca
perderiam o controle por causa desses substancias.
- E é por isso que EU estou
aqui, - Estalou os dedos - você tem um credito pelo seu "não habito" alimentar e esses
cinco mortos aqui são apenas filhos da puta, assassinatos, traficantes de armas e
drogas... Esses ai ninguém liga - Disse com desdém movendo as mãos para lados
aleatórios - Mas eu preciso que você me diga algo muito importante.
- O que? - Indagou curiosa
- Quem te forneceu isso? -
Ele mostrou entre os dedos um comprimido, capsula transparente e dentro uma
espiral vermelha - Eu só preciso saber quem foi, dai eu vou para um lado e você
para outro.
Ela pensou um tempo, a
resposta era decisiva para sua “vida”. Poucos minutos passaram-se e ela olhou
para ele com os olhos bem abertos e ele imitou a expressão dela girando as mãos
esperando ela falar de uma vez.
- Eu vim andando de casa,
foi no cruzamento da rua dois com a rua da árvore gigante...
- Essa é a rua quatorze.
- Isso, é um casarão antigo invadido por inúmeras pessoas que fazem pequenos serviços como engraxate, vendedores de doces, flanelinhas – Fez uma
pequena pausa para vestir a calça de uma das mulheres – Eu passei por ali e um espectro
encarnado me abordou, disse que no terceiro andar a loja da porta roxa vendia
algo especial para vampiros. Ao chegar à loja quem me atendeu foi outro espectro, um local de venda de droga igual aos outros, só que nos fundos havia
uma energia forte e estranha, imagino que seja disso que você esteja atrás.
- Olha só, tudo tranquilo e
sem mais baixas. Obrigado pela informação hora de terminar meu trabalho.
O homem se dirigiu a porta,
mas antes de sair Helênia o chamou.
- Eu acho que eles só vão se
mostrar para vampiros.
Antes de falar qualquer
coisa um dos homens acordou. Puxou bastante ar, os pulmões já deviam estar
colados, as presas cresceram por um instante, olhos brancos com um pequeno ponto da Iris negra,
ele olhou para os lados sem entender nada.
- O que houve? Mas que merda
aconteceu, caralho! – O homem arfava como se tivesse corrido quilômetros, olhou para Helênia - Quem
é você sua maluca, eu vou te matar eu vou te estuprar, sua piranha do caralho,
vai se foder!
Ela olhou para o caçador,
com uma expressão indiferente.
- Enfia uma estaca no cu
desse filho da puta. – Disse impassível.
- Se funcionasse eu até
faria, mas... E eu achei que não mataria nenhum vampiro hoje.
- O que?! Vampiro? Mas que
diabos vocês estão falando.
- Estamos falando de você,
mas não se preocupe e esqueça isso amigo, segura aqui.
O caçador cravou a estaca
cheia de pregos no novo vampiro, um grito seco saiu da boca dele, estremeceu e
a cabeça foi a baixo. Puxou a estaca, enrolou em um pano e guardou.
- Até outro dia vampira. –
puxando levemente o capuz.
- Até outro dia caçador. – abaixou um pouco a cabeça.
Ele saiu pela porta do
quarto e ela pulou da janela do vigésimo andar.
Vampire by PoupeedeChair |
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