Letras de Sangue


Trecho extraído do meu Conto "A Sangrenta Trajetória de Kriel "

...O Hospital estava silencioso com poucos enfermos e nenhuma fila nos portões, era possível ouvir os sons que a musculatura das sentinelas da janela faziam quando mudavam de posição, ouvia-se também o gotejar de sangue das partes de reposição que secavam para serem armazenadas e o cântico sofrido, tão baixo que parecia um sussurro, de um “Forijo” demônio com duas faces, a cantora e seu rosto ingênuo e feminino, atrai presas com seu canto hipnótico e a face que ataca, com três olhos que terminam de hipnotizar e uma boca cheia de dentes que suga o sangue e a vida de suas presas, o demônio havia perdido uma das pernas e estava se recuperando da cirurgia, fora proibido de cantar algo que atingisse os outros pacientes. O cheiro de carniça que sempre paira no ar estava menor os enfermeiros andavam de um lado a outro procurando o que fazer.

 Longe da ala de cirurgia estava Erteran, em um cômodo iluminado com centenas de velas de cera azulada que deixava o ambiente com cheiro amadeirado, as chamas douradas tingiam o cômodo de amarelo e sombras. O cirurgião estava sentado em uma cadeira de madeira escura e maciça com entalhes muito bem feitos e cabeças de prego douradas, moldada para que ficasse espaçosa e imponente como um trono, o acento e braços da cadeira eram revestidos com varias camadas de pele para que ficasse mais confortável ao sentar e apoiar os braços. Com pena na mão, escrevia em uma folha amarelada, as palavras eram feitas com sangue escuro proveniente de pequenas criaturas amarradas na mesa que guinchavam sempre que a ponta da pena perfurava a carne, quando não mais aguentavam o flagelo e morriam, o cirurgião jogava o cadáver no chão para ser devorado por outra criatura de apetite voraz. O corpo assemelhava-se ao de um lagarto, pele marrom e escamosa, protuberâncias ósseas, mas a cabeça era deformada com apenas um olho e boca larga com muitos pares de pinças de formiga e varias quelíceras serrilhadas de aranha, pequeno com apenas quarenta centímetros de altura. Com as quelíceras rasgava a pele do cadáver e puxava a musculatura e as fibras, partia os ossos com as pinças e quando todo o interior foi comido ele passou para a pele e olhos, que quando mordidos estouravam igual à uva verde. Ao terminar a refeição, lambeu o chão, limpando o sangue, em seguida correu para sua toca em uma das arestas do quarto...




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