O medo e o Corvo

" Trecho extraído do futuro conto: O Pássaro Vermelho "

O Detetive corria atrás de um suspeito que havia entrado no Mercado da Madalena. Entre os corredores vazios, pois era tarde da noite, ecoava o som das botas contra o chão e eventualmente em poças d'água, havia chovido no Recife duas horas atrás. O Detetive corria no corredor principal quando percebeu um vulto entrando em uma das ruelas transversais, imediatamente apertou o passo e foi para a esquina.


 O lugar cheirava madeira e verniz por causa dos artesanatos, verdura podre e óleo de fritura, o chão de paralelepípedos manchados e desgastados por causa do movimento do lugar, lama, detritos e restos de comida, som de gotas que caiam dos telhados compunham o cenário escuro e sinistro.


 Entrou na ruela com a pistola apontada para frente, a arma possuía uma lanterna acoplada, o feixe de luz branca mostrou um pouco do local e revelou parcialmente aquele que estava perseguindo. Estava parado de costas metros a frente do policial, vestia um habito negro e capuz escondendo a cabeça, um sujeito grande com mais de dois metros e vinte e costas muito largas, carregando uma foice de lamina enorme e escura com o cabo feito de ossos.



- Fica parado, seu filho da puta! - O Suor pingava da testa do policial, ele arfava e tremia vendo o suspeito a frente - Fim da linha, se... Se entregue!
- Fim da Linha? Me entregar? - A voz era retumbante - Acho que não... Sua voz ainda transparece medo, Detetive Antonio... Você FEDE A MEDO! Não consegue nem mesmo travar a mira em mim, essa é a terceira vez que nos encontramos e você não consegue disparar essa arma e você sabe por quê... Você é um fraco que não consegue aceitar o que somos e isso te deixa pequeno diante de nossa grandeza.

 Lentamente aquele ser pôs-se de frente para encarar o Detetive Antonio, seus olhos negros brilharam refletindo a luz da lanterna, penas negras cobriam seus braços e as patas de corvo arranhavam o chão com suas grandes garras o grasnar deturpou o silencio do local e ecoou pelo céu do Recife. A criatura segurou a foice com uma das mãos e puxou cordões que abriram a parte das costas da roupa do homem corvo revelando enormes asas negras.

- Os Pássaros vão voar detetive, não pode nos deter. Escolha o lado certo ou sofra ficando no solo junto dos vermes.

Créditos da imagem por NegativeFeedBack
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